Ser

Corre, esconde, corre, esconde. Mas até quando? Esconde, corre, esconde, corre. Até onde? Tudo o que ela quer é apenas seguir o rumo dos seus desejos, mesmo que errados, mesmo que tortos, mesmo que pouco espertos. Quer sorrir e sentir que suas escolhas serão aceitas não por serem boas, mas simplesmente por serem suas.

Caminho

O caminho às vezes parece eterno. Por mais que se corra e se canse, por mais que se grite ou engula, sinto como se estivesse em eterna marcha ré, em constante caminho contrário, cada vez mais distante de mim. "Acorda Juliana!", ele grita, sacudindo-me a cabeça, arrancando-me os cabelos, limpando-me as lágrimas. De nada adianta, pois quanto maior o alarde, maior a lentidão.

Solidão

Creio em cristo, em buda, em alá, creio em shiva, em sai baba, em kardec, nos mantras, nos testamentos, no corão, nos espíritos, no inferno, nas novelas e nos livros de auto-ajuda. Creio nos filmes, nas músicas e nas bandas escocesas. Creio em tudo e em nada porque estou eternamente perdido nessa minha total insegurança, nessa minha solidão de mim mesmo.

Primeiro amor

Apaixonou-se aos 16, seu nome era Paulo. Com ele sentiu as delícias e pavores do primeiro amor, aquele que é puro e doce enquanto o mundo é pequeno e desconhecido, mas depois se revela cruel, assassínio e indiferente. Foram cinco anos de carinho escondido na hora que passa o filme até o dia em que o anjo cantou a lira de um demônio em verso e prosa.

Pôquer

Sorte de principiante. Foi o que todos disseram quando Camila ganhou a primeira partida de Pôquer. Nunca jogara antes, mal sabia as regras e passava a maior parte do tempo observando os companheiros de mesa. Felipe andava com um olhar triste. Julia parecia preocupada. Já Carlos era a razão de ela estar ali. Como não admirá-lo?

Namorado

Luciana não podia dormir. A mente atormentada parecia querer acordá-la de uma profunda letargia d'alma. "Como namorar alguém que não amo?", pensou. Sentia um misto de medo e inquietude que lhe dava calafrios. Nada parecia mais triste do que a idéia de entregar seu corpo a alguém para quem jamais entregaria o coração. E este medo a persegueria por toda a vida.

Domingo

Roberta desejava escapar. Tudo parecia grande demais, difícil demais, doloroso demais. Como enxergar quando o mundo é só e total escuridão? Naquela manhã ela vestiu a calça de moletom azul e saiu para caminhar. Precisava escolher pensamentos melhores ou apenas ouvir o canto dos pássaros. "Se eu tivesse asas voaria pra perto de mim mesma", disse baixinho.

Medo

À meia-noite Rosa Maria rendeu-se à insônia e andou até a cozinha angustiada, pensando no que fazer para resolver o problema. Descascou uma banana e apertou-a levemente com os dentes de modo a evitar a dor. Lembrou-se de olhar no espelho para avaliar o corte aberto pelo golpe certeiro e firme da noite anterior. “Sim, eu tenho medo de você”, pensou.



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